«Para Maria de Lancastre Valente, diretora de Pessoas e Cultura da SRS Legal, para além das "óbvias" competências técnicas, um advogado tem de saber "dialogar noutras linguagens", e por isso a "elasticidade e destreza são fundamentais".
"Isso significa colocar-se ao lado do cliente na análise dos seus problemas, compreender o setor em que operam, a sua cultura organizacional interna, como funciona operacionalmente e em termos de governo interno, nomeadamente na tomada da decisão, quais os seus 'pain points' e, sobretudo, oferecer soluções pragmáticas, que resultam da gestão do equilíbrio entre tempo, custo e risco para aquele cliente, em concreto, num contexto específico", acrescentou.
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Maria de Lancastre Valente considera também que os processos de recrutamento profissionalizaram-se, exigindo-se uma preparação "cuidada" por parte das organizações e capacidade de resposta a questões que no passado não eram colocadas.
"Tem de haver, da parte da organização, uma proposta de valor clara, comunicada de forma clara, e, evidentemente, apreendida e respeitada pelo advogado, numa lógica de reciprocidade. Esse alinhamento de valores e de expectativas é fundamental para um bom 'matching e desenvolvimento da relação", notou.
Para a diretora de Pessoas e Cultura da SRS, as empresas passaram também a ser mais exigentes na seleção de candidatos.
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À Advocatus, Maria de Lancastre Valente admitiu que o primeiro passo para reter talento é assumir que as necessidades das gerações mais jovens são diferentes e que é preciso "endereçá-las de espírito aberto". O segundo passo é delinear e comunicar claramente o que valorizam e desejam a organização.
"Em terceiro lugar, sendo as novas gerações nativos digitais, as sociedades devem saber posicionar-se com uma oferta de inovação e tecnologia que ampare e catalize os serviços jurídicos que prestam, potenciando os advogados para tarefas de verdadeiro valor acrescentado. Isso não significa, no entanto, que estas gerações, todas de resto, descurem por um lado, o necessário investimento na aprendizagem de tarefas simples e rotineiras, mas igualmente importantes, e por outro, na sua "polivalência" de competências e linguagens, ainda que sejam especializados numa área do direito; é da combinação destes vários fatores que nasce a virtude", referiu a sócia da SRS.
A advogada apontou ainda a "própria capacitação e compromisso das liderança e o reconhecimento da centralidade de uma boa governance interna" como passos cruciais à retenção.»