«“Haver uma instância que reúne durante dois dias líderes políticos, cientistas e representantes das grandes empresas tecnológicas é positivo, mas tenho muitas dúvidas de que este evento vá tornar o Reino Unido numa plataforma de ligação entre os vários países e regiões do Globo para a área da Inteligência Artificial”, comenta Luís Neto Galvão, advogado da SRS Legal, que tem no currículo diversos trabalhos na área da privacidade e das tecnologias com a Comissão Europeia e o Conselho da Europa.
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“As Nações Unidas (ONU) até poderiam estar em posição de fazer um bom trabalho nesta área, mas neste momento é provável que a secretaria-geral (da ONU, liderada por António Guterres) tenha outras prioridades e mantenha, neste momento, um papel limitado na IA”, acrescenta Neto Galvão.
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“O que realmente parece ser importante neste momento é garantir o diálogo entre Ocidente e China. A maioria dos países asiáticos está mais ou menos alinhada com o Ocidente, mas a China tem reconhecimento facial em larga escala e isso é muito diferente daquilo que se pode fazer na Europa, que só permite o reconhecimento facial em casos muito específicos como um caso urgente de combate ao terrorismo ou a identificação de crianças desaparecidas”, exemplifica Luís Neto Galvão.
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“O que realmente parece ser importante neste momento é garantir o diálogo entre Ocidente e China. A maioria dos países asiáticos está mais ou menos alinhada com o Ocidente, mas a China tem reconhecimento facial em larga escala", lembra Luís Neto Galvão.
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“A Administração Biden tem mantido um diálogo com as grandes tecnológicas e estas empresas querem que tudo isto seja regulado, porque precisam de previsibilidade para saberem o que podem ou não fazer quando desenvolvem produtos de IA”, descreve Luís Neto Galvão.
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Tudo isto haverá de ser falado em Bletchley, possivelmente, com a esperança de que todos os intervenientes tenham guardado os disfarces de Halloween que se celebra na noite desta terça-feira. Luís Neto Galvão garante que “a UE não precisa do Reino Unido para comunicar com os EUA, porque essa ligação já existe”.
“Não sei que efeitos poderá ter esta cimeira. Só mesmo quando soubermos as declarações finais poderemos saber”, conclui o advogado.»