Carlos Costa Pina, sócio da SRS Legal, sublinha que “para a descarbonização é essencial atuar do lado da procura, fomentando a conceção e desenvolvimento de projetos de investimento verdes, mas também do lado da oferta, disponibilizando crédito, seguros e produtos financeiros verdes destinados a financiar e cobrir os riscos desses investimentos. E esse o papel do mercado, minimizando a subsidiação pública quando necessária”, frisa.
Relativamente ao setor segurador, apesar de não haver grande histórico de se fazerem seguros contra eventos catastróficos, este está a desenvolver cada vez mais produtos que permitem alguma proteção contra eventos desta natureza.
Carlos Costa Pina salienta que o setor segurador tem “um papel essencial na resposta à procura e pelo seu papel pró-ativo na oferta”. Na sua perspetiva, “os seguros contra eventos catastróficos deveriam ser obrigatórios”, exemplificando com o caso do risco sísmico.
“A medida seria impopular, mas é necessária. A par de mecanismos de perequação financeira para tornar suportáveis os prémios, será essencial a constituição e capitalização preventiva de recursos (fundo catastrófico público) para acudir a eventos dessa magnitude”, defende.
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Mas num mercado aberto não se trata só de conhecer os dados internos. Para Carlos Costa Pina, “a falha de dados afeta as previsões. Mas a incerteza sempre existirá, não sendo esse o problema principal”. Na sua perspetiva, “o problema
principal é a comparabilidade, que enviesa as decisões de investimento, gera ruído informativo e pode proporcionar aproveitamento fraudulento. Nessa matéria as propostas da UE em matéria de ‘green claims’ e dever de diligência, sob pena de responsabilização, vão no sentido certo”.