«"O FMI [Fundo Monetário Internacional] já reconheceu a tripla falha existente: falha de ambição nas metas e velocidade de redução; falha regulatória na imposição de um preço internacional de carbono: e falha de investimento na substituição em tempo do atual paradigma energético e produtivo", diz ao NOVO Carlos Costa Pina, sócio na sociedade de advogados SRS Legal, na área de projetos, e que foi administrador da Galp. "A estas pode acrescentar-se a falha de financiamento. Se a base fiscal - tributária - do futuro representa uma enorme oportunidade e benefício para as economias atualmente dependentes da importação de combustíveis fósseis, os Estados têm tido dificuldade em destruir a base fiscal do presente, por precisarem dela para financiar a transição", acrescenta.
A COP27 realizou-se sob o signo da instabilidade, com Antónia Colibasanu. analista e responsável pelas operações da Geopolitical Futures, a explicar, na altura, ao NOVO que se enfrentava, ao mesmo tempo, uma crise energética, inflação elevada e potenciais problemas nas cadeias de abastecimento decorrentes da guerra na Ucrânia ou das sanções que foram impostas. Na COP28 mantêm-se os mesmos desafios e acrescenta--se a guerra que opõe Israel ao Hamas, numa região que vive da exploração de combustíveis fósseis.
Mesmo assim, Manuel Luiz mostra-se otimista e antecipa progressos relevantes. "A COP28 terá a oportunidade de moldar a agenda para os próximos anos e surge num momento crucial para o nosso planeta, uma vez que os líderes dos sectores público, privado e social irão dar uma resposta ao primeiro Global Stocktake" diz ainda que sublinhando que "a escala do desafio continua a ser enorme".
Costa Pina secunda esta opinião. "Nada fazer, ou adiar, é sempre pior que as alternativas, razão pela qual não se antevê nem retrocesso nem abrandamento num processo em que a UE tem afirmado a sua liderança", diz antecipando "uma aceleração, atento o consenso político e social em torno das renováveis e do seu paradigma elétrico" mesmo se este paradigma "requer disponibilidade para aceitação dos impactos dos parques solares, eólicos e de armazenagem e das suas exigências em termos das matérias--primas necessárias trazidas pela mineração, mesmo que dentro de portas".
"Não pode é viver-se na duplicidade ou hipocrisia, de querer o novo modelo rejeitando o que ele implica", aponta.»